Ligas esportivas australianas são acusadas de priorizar lucros de jogos em detrimento do interesse público

Em um , Tim Costello, principal defensor da Aliança pela Reforma dos Jogos de Azar (AGR) na Austrália, criticou a AFL (Liga de Futebol Australiano) e a NRL (Liga Nacional de Rugby) por priorizarem os lucros do jogo em detrimento do bem-estar de seus fãs. Segundo Costello, a publicidade de apostas está profundamente enraizada nesses esportes. Ele acusou as principais ligas de lucrar com o dano causado aos seus torcedores, especialmente os mais jovens, afirmando que uma “nova geração de torcedores está sendo doutrinada pelas probabilidades tanto quanto pelo esporte.”

Um “acordo pouco conhecido”

Costello revelou um “acordo pouco conhecido” entre a AFL e casas de apostas, no qual a AFL supostamente recebe 10 centavos por cada dólar ganho pelas empresas em apostas no jogo. Esse relacionamento financeiro, argumentou, mostra um claro conflito de interesses que coloca o lucro acima da responsabilidade. Ele também criticou a resposta lenta do governo federal, destacando que o primeiro-ministro Anthony Albanese ainda não agiu sobre as reformas propostas pela falecida Peta Murphy, apesar de ter recebido o relatório Murphy há mais de 15 meses. Em uma reunião com o primeiro-ministro, Costello expressou seu receio de que o governo esteja sendo influenciado pela indústria do jogo e seus aliados poderosos, como a AFL, NRL e emissoras. Ele comparou Albanese a um torcedor fanático, afirmando que o primeiro-ministro “parece ver apenas o que quer ver”, espelhando as posições de figuras como Peter V’landys, presidente da NRL. Costello pediu uma liderança mais firme do governo, especialmente para enfrentar a publicidade de apostas on-line, que está diretamente sob sua jurisdição.

Lobby antidemocrático?

A AFL e a NRL não estão sozinhas em seus laços estreitos com a indústria do jogo. Uma análise recente da AGR revelou que, desde 2022, 19 políticos federais de ambos os principais partidos aceitaram hospitalidade de grandes empresas de apostas, incluindo ingressos para eventos esportivos de destaque como a Melbourne Cup e o Aberto da Austrália. A AGR apontou que esses presentes criam “uma oportunidade antidemocrática para lobby”, levantando preocupações de que as empresas de apostas estão usando essa hospitalidade para influenciar decisões legislativas sobre as reformas de anúncios de jogos de azar. Apesar das garantias dos políticos de que esses presentes não afetam seu julgamento, Costello permanece cético. Ele argumenta que esse acesso dá às empresas de apostas uma vantagem injusta para se oporem às reformas propostas. “Os políticos que recebem hospitalidade de empresas de apostas podem sentir-se obrigados, consciente ou inconscientemente, a priorizar os interesses dessas empresas”, afirmou Costello. À medida que o apoio público por regulamentos mais rigorosos sobre a publicidade de apostas cresce, o apelo de Costello é claro: o governo deve se posicionar contra os danos causados pelo jogo e priorizar a saúde e a segurança dos australianos acima dos interesses das poderosas indústrias do esporte e do jogo.

No entanto, uma pesquisa recente revelou que a maioria dos eleitores australianos prefere restrições moderadas à publicidade de jogos de azar, em vez de uma proibição total. A pesquisa consultou 1.550 eleitores em todo o país.

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