O palco AIBC na SiGMA Europa 2024 testemunhou uma discussão eletrizante em um painel que reuniu algumas das mentes mais afiadas dos setores esportivo e tecnológico para explorar o papel em evolução da propriedade e segmentação de dados nos esportes. Orquestrada por Samir Ceric, CEO da Blocksport, essa conversa foi um testemunho inspirador do potencial ilimitado dos dados quando usados com inovação e respeito pela experiência dos fãs.
Com a participação de Stefan Kovich, consultor de crescimento tecnológico e pioneiro no Web3, Gabrielle Monidelle, CEO da liga sueca HockeyAllsvenskan, e Nirav Patel, CEO da Andaria, o painel capturou o poder coletivo e a promessa futura dos dados no mundo esportivo. Eles aprofundaram o tema, destacando os desafios únicos e as imensas possibilidades que ele apresenta. Também enfatizaram o potencial dos dados para criar uma conexão mais pessoal entre os fãs e suas equipes.
Mudanças no cenário
A sessão começou discutindo as mudanças recentes no mundo dos esportes, especialmente as ocorridas durante a pandemia. Essas mudanças incluíram a transição de arenas físicas para virtuais e novas formas de engajamento dos fãs. O painel destacou os quatro pilares fundamentais da indústria: venda de ingressos, patrocínios, alimentos e bebidas, e merchandising, explicando como essas fontes de receita estão sendo integradas a melhorias digitais. No entanto, a discussão revelou que a indústria enfrenta um grande desafio para atender às expectativas das novas gerações. A Geração Z, em particular, anseia por uma experiência personalizada e dinâmica; eles querem esportes sob demanda, personalizados e adaptados aos seus padrões únicos de consumo, em nítido contraste com o modelo tradicional de “assistir ao jogo inteiro”.
Para as organizações esportivas, a mudança é desafiadora, mas necessária. O verdadeiro segredo, concordaram os palestrantes, está em aproveitar os dados não apenas como estatísticas brutas, mas como um rico tecido de insights sobre as preferências, comportamentos e expectativas dos fãs. O objetivo é preencher a lacuna entre as expectativas dos fãs e as ofertas dos clubes, utilizando os dados para criar uma experiência digital que corresponda à emoção de um jogo ao vivo.
Desbloqueando a lealdade através de pagamentos e personalização
Uma das ideias mais cativantes surgiu em torno do papel dos pagamentos em moldar uma conexão mais pessoal com os fãs. Em vez de simplesmente facilitar transações, os dados de pagamento podem servir como um “canal”, revelando uma riqueza de insights individualizados que permitem aos clubes responder diretamente aos desejos dos fãs. Conforme o painel descreveu coletivamente, trata-se de conquistar a lealdade não apenas por meio de descontos em produtos, mas por meio de experiências únicas e imersivas que reflitam a conexão de um fã com seu clube.
Imagine uma carteira digital incorporada ao aplicativo de um clube esportivo, rastreando compras e criando um perfil individualizado para cada fã. Essa tecnologia abre portas para novas recompensas de lealdade, como a chance de viajar no ônibus da equipe para um jogo fora de casa ou acessar conteúdo exclusivo. Essas experiências criam conexões mais profundas, cultivando a lealdade de maneiras que transcendem os descontos tradicionais. O poder da personalização, insistiu o painel, não é apenas um diferencial, mas um passo essencial para a próxima geração de engajamento dos fãs.
Criando uma nova era de fandom
O painel discutiu o impacto do Web3 em um mundo cada vez mais dependente da propriedade digital. Eles destacaram como ativos descentralizados e identidades digitais estão inaugurando uma nova era de fandom. Imagine um mundo esportivo onde os fãs podem possuir ativos digitais exclusivos ligados aos seus times favoritos, ativos que concedem acesso a eventos exclusivos e atuam como tokens de pertencimento à comunidade. Esses ativos não seriam apenas lembranças; seriam conexões vivas com o clube e sua comunidade, construindo relacionamentos entre os fãs e conectando-os a uma identidade digital compartilhada.
No entanto, alcançar essa visão não é fácil. O painel abordou a “grande necessidade de educação” necessária para atualizar as organizações esportivas sobre os sistemas Web3. Muitos clubes, reconheceram, ainda estão começando a entender como o Web3 pode melhorar o engajamento dos fãs, faltando conhecimento interno para lidar com esses sistemas complexos. A mensagem do painel foi clara: a educação deve estar em primeiro lugar se as organizações esportivas quiserem aproveitar ao máximo o Web3.
Superando a divisão digital
A conversa então passou para as diferenças entre os cenários esportivos americano e europeu, especialmente no que diz respeito às estruturas organizacionais e direitos de propriedade intelectual. As ligas esportivas dos EUA têm estruturas centralizadas, com organização clara e processos de tomada de decisão eficientes. As ligas europeias, por outro lado, muitas vezes navegam por uma rede de estruturas organizacionais, tornando a adoção digital um esforço mais lento e complexo. No entanto, como apontou o painel, essa complexidade também oferece oportunidades de crescimento e colaboração, desde que os clubes invistam tanto em educação quanto em tecnologia.
Na Europa, a necessidade de educação unificada sobre ferramentas digitais e alfabetização em dados permanece urgente. Algumas ligas, como o hóquei no gelo, são inerentemente orientadas por estatísticas, mas muitos clubes ainda precisam entender todo o potencial dos dados para o planejamento estratégico a longo prazo. Construir esse conhecimento fundamental, destacou o painel, é um passo crucial para capacitar os clubes a aproveitar a propriedade de dados como um ativo central em suas operações.
Engajamento dos fãs redefinido
À medida que a discussão avançava, uma coisa ficou clara: a simplicidade é primordial. A coleta e segmentação de dados, embora complexas nos bastidores, devem ser invisíveis para o fã. O que os fãs valorizam é uma experiência personalizada e fluida que os faça sentir reconhecidos e valorizados. O painel pintou um quadro vívido desse ideal, descrevendo cenários onde os fãs recebem mensagens personalizadas que melhoram sua experiência no dia do jogo. Imagine chegar a um estádio e receber uma mensagem direcionando-o a um stand de alimentação específico, oferecendo desconto nos seus itens favoritos. Uma maneira simples de aumentar o engajamento e criar novas oportunidades de receita para os clubes.
Essa abordagem, explicaram, fomenta a lealdade de maneiras orgânicas e memoráveis, criando uma jornada fluida que mantém os fãs voltando para mais. Ao usar os dados como arquiteto dessas experiências, os clubes podem aprofundar suas relações com os fãs, transformando cada interação em um momento de conexão.
O poder da experimentação
Em suas considerações finais, os palestrantes incentivaram as organizações esportivas a abraçarem a experimentação. Em um mundo onde as expectativas dos consumidores e as tecnologias estão em constante mudança, pequenos passos podem gerar grandes resultados. A chave é começar de alguma forma. Testar, aprender, se adaptar. A experimentação, sugeriram, é a ponte entre a ambição e a realidade, o método pelo qual os clubes podem refinar sua abordagem a dados e engajamento dos fãs ao longo do tempo.
O painel destacou a sinergia natural entre as indústrias de esportes e iGaming. Eles sugeriram que os clubes esportivos poderiam olhar para as práticas sofisticadas de dados do iGaming como um modelo para seus próprios esforços de segmentação e engajamento. A lealdade e a comunidade impulsionam ambas as indústrias, tornando os dados um ativo estratégico e um terreno comum para compartilhar e aplicar insights.
A sessão terminou com uma visão clara e inspiradora: um futuro onde os dados ocupam um papel central nos esportes, criando laços profundos entre fãs e clubes. O painel deixou a audiência com um forte chamado à ação: repensar os dados não apenas como uma ferramenta para os clubes, mas como uma conexão direta com os fãs que eles atendem.
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