O futuro das apostas esportivas não se resume apenas à expansão dos mercados e à inclusão de novos esportes; trata-se também de aproveitar os avanços tecnológicos, especialmente em inteligência artificial (IA), explicou Mark Blandford, Sócio da Burlywood Capital, durante um painel na conferência SiGMA Europa.
Ao longo de sua carreira, Mark Blandford testemunhou a notável transformação da indústria de apostas esportivas ao longo das décadas. “Nos anos 80, 90% das apostas eram focadas em corridas de cavalos, com apenas 5% em outros esportes”, relembrou. “Então, o digital chegou em 96, e, em 98, nos tornamos os primeiros operadores de apostas do Reino Unido a atuar on-line.”
Blandford viu a indústria passar de práticas tradicionais para uma abordagem digital, com apostas móveis e mercados ao vivo se tornando parte essencial do setor. E, como ele aponta, a próxima revolução é a IA. “A IA era, antes, apenas uma questão de potencial”, observou. “Agora, como investidor em tecnologia, vejo que está se tornando uma realidade, e estamos apenas começando a explorar seu verdadeiro potencial.”
Colocando a IA para trabalhar
Um dos principais avanços da IA é no cálculo de probabilidades. O tempo em que as odds eram ajustadas manualmente ficou para trás. Hoje, algoritmos de machine learning processam grandes volumes de dados — desde estatísticas de jogadores até condições climáticas — para definir probabilidades com maior precisão. “O cálculo de odds está se tornando preditivo”, comentou Blandford. “Em vez de apenas calcular a chance de uma equipe vencer, a IA permite que os operadores antecipem tendências emocionais nas apostas, onde o favoritismo dos fãs pode impactar as odds.”
Blandford também mencionou o papel da IA na melhoria da experiência do usuário. A personalização alimentada por IA permite que plataformas de apostas esportivas adaptem a interface para cada usuário individual. “Imagine entrar em uma plataforma e ver apenas os esportes e mercados que interessam a você. Esse é o nível de personalização para o qual estamos caminhando”, afirmou. O resultado é uma experiência mais intuitiva, envolvente e, em última análise, mais lucrativa para os operadores.
O crescimento das apostas ao vivo e das micro-apostas é outra tendência acelerada pela IA. “As apostas ao vivo se expandiram de alguns mercados simples para micro-apostas, onde os apostadores podem apostar em eventos em questão de segundos”, explicou Blandford. “A IA pode calcular essas odds em tempo real, permitindo que os operadores ofereçam uma gama mais ampla de opções de apostas durante os jogos.”
Desafios
No entanto, como Blandford destacou, com esses avanços surgem novos desafios, especialmente em termos de regulamentação. “Estamos vendo cada vez mais regulamentações ao redor do mundo”, disse ele, mencionando as mudanças regulatórias nos EUA e nos mercados emergentes da África e da América do Sul. “O maior problema para os operadores é a falta de padronização. Cada estado nos EUA tem regras diferentes, o que torna a operação mais difícil.”
Blandford também ressaltou a importância das considerações éticas no setor, como lidar com questões de dependência e saúde mental. “A IA pode ajudar os operadores a identificar sinais iniciais de problemas com jogos de azar”, afirmou. “Ao analisar padrões e identificar clientes em risco, podemos garantir que os operadores tomem as medidas necessárias para proteger jogadores vulneráveis.”
Blandford também deu destaque a crescente ameaça de ataques cibernéticos. “A IA pode ser uma aliada, mas também representa um risco,” alertou, referindo-se ao aumento da vulnerabilidade a hackers. “Com a IA cada vez mais presente nas plataformas de apostas esportivas, os operadores terão que intensificar os investimentos em cibersegurança para garantir a proteção dos dados dos usuários e a segurança das transações financeiras.”
Apesar desses desafios, Blandford permanece otimista sobre o futuro das apostas esportivas. Ele acredita que a indústria está à beira de uma revolução tecnológica, onde a IA continuará a desempenhar um papel crucial no crescimento e na inovação. “Estou empolgado como investidor neste setor”, concluiu. “Sempre foi uma indústria empreendedora, e com os avanços tecnológicos, as possibilidades são infinitas.”
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